quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Caminhada pelos trilhos no Rabo do Macaco

O Rabo do Macaco é uma localidade entre Corupá e São Bento do Sul, SC e tem esse nome porque a ferrovia nesse ponto faz várias voltas para vencer a subida da serra.
Foi no Google Maps e em alguns blogs que vimos esse lugar e ficamos impressionadas com o trajeto e a possibilidade de em poucos quilômetros atravessar 3 túneis, pontes e viadutos incríveis!
No dia 20 de agosto de 2011 fomos até Rio Natal fotografar o passeio de Maria Fumaça que acontece todo mês na região. O dia estava lindo, céu azul e claro. Mas, chegamos tarde na Igreja onde ela faz a parada de almoço e manobra para retornar à Rio Negrinho. Conseguimos poucas fotos e ainda vacilamos na saída. Perdemos a chance de fazer ótimas fotos na serra onde a ferrovia cruza com a estrada e só fomos fotografá-la de novo em Rio Vermelho. Meio frustradas, voltamos para Blumenau e decidimos que no próximo sábado voltaríamos para a região e faríamos a caminhada nos trilhos, custasse o que custasse! Decisão feita, imprimimos mapas, trocamos e-mails com o epx de Joinville (http://epx.com.br/artigos/rabomacaco.php) que deu dicas certeiras e arrumamos as mochilas. Dessa vez eu levei café numa garrafa térmica, porque eu não me incomodo em não almoçar ou passar alguma privação, mas sem café, fico de muito mau humor!
Para nossa frustração, sábado amanheceu com tempo fechado e com uma chuva fina. Não importava, tínhamos capa de chuva, não íamos desistir agora! Saímos sem pressa de Blumenau, entramos no segundo trevo de Corupá e nem paramos na estação. Pegamos a direção da serra e de repente ouvimos a buzina de um cargueiro ecoando pelo vale! Opa! Num cruzamento, demos de cara com ele descendo, gigantesco. Fizemos a volta com o carro para tentar fotografá-lo, mas ele parecia estar subindo! De repente nos demos conta que o que estávamos vendo agora era outro trem, dessa vez subindo! Wow, que manhã de sorte! Se o tempo não estava ajudando, pelo menos os trens estavam aparecendo! Novo cruzamento e mais fotos e vídeos.


Continuamos subindo pela estrada até novo cruzamento e mais fotos. Fizemos isso três vezes, até um ponto onde a ferrovia é paralela a estrada e de lá para a frente não tem mais muitos pontos para fotografar. Então nos demos conta que fizemos exatamente o pequeno trajeto que faríamos dali a pouco tempo. Voltamos até o primeiro cruzamento após a igreja de Rio Natal, estava chegando a hora... Estacionamos o carro, fizemos um lanchinho reforçado (com um luxuoso café quente!) e mochila nas costas... Hora de partir.


Muito bacana esse momento de dar o primeiro passo depois de planejar e esperar tanto tempo! Moral excelente e adrenalina em alta. Será que teríamos forças? Será que não encontraríamos outros cargueiros em algum trecho perigoso, será...? Hora de deixar as preocupações de lado e aproveitar a beleza que pouco a pouco foi se abrindo diante de nós!
Máquina em punho e mesmo nas fotos era possível ver a névoa que começava a cobrir a serra lentamente... Os primeiros metros foram tranqüilos, fomos conversando e brincando, algumas pontes pequenas e infelizmente muito lixo, mesmo ali, cada vez mais distante da estrada...


Bem, como esse é um trajeto bem conhecido, muitas outras pessoas andam por ali e infelizmente sem nenhum respeito pela natureza. Garrafas pet, embalagens de óleo de motores, sacolas, muito lixo! Que pena!
O leito da ferrovia parece estar sendo bem mantido, vimos dormentes, equipamentos e sinalização novos em boa parte do trajeto.
Vimos também muitas estradinhas e trilhas que chegam até os trilhos e até algumas casas mais retiradas. Finalmente estávamos desbravando a ferrovia!
As placas indicavam: TÚNEL! Legal, ali estava o túnel número 2!


Claro, tiramos muitas fotos e na saída... a ponte! Encaramos ela sem muito medo, não era muito grande. Mais fotos adiante numa pequena cascata que se formou talvez pelo grande volume de chuva dos últimos dias.
E sem que percebêssemos, chegamos ao segundo cruzamento com a estrada! Primeira parte vencida! 13h35. Fizemos uma pequena pausa para descansar e beber água.
Nesse ponto a ferrovia continua à esquerda da estrada e o trajeto é um pouco mais longo que o anterior. Mas desistir nem pensar! Aqui estão mais 2 túneis e queremos muito vê-los!
Andamos perto de um quilometro e lá estava ele: túnel número 3!


A chuva ora se tornava mais grossa ora mais fina ou diminuía de vez. Mas mesmo assim, a caminhada foi ficando mais árdua e tivemos que parar algumas vezes “para apreciar a paisagem” (leia-se recuperar o fôlego). O aclive pela ferrovia é pequeno mas mesmo assim, estávamos subindo a serra do mar! Ufa!
O túnel número 4 é bem pequeno mas impressiona pela parede de pedra na saída.


É legal pensar que essa ferrovia foi construída a mais de cem anos e ainda está operante. Fiquei vendo aqueles sulcos nas rochas e imaginando o esforço de centenas de homens pra vencer os obstáculos e que o resultado desse trabalho pode ser admirado ainda hoje. Seria legal se só as obras boas dos homens se perpetuassem né?
E o melhor ainda nos esperava! O viaduto em curva sobre um vale bem profundo! Gente que medo! Respirei fundo e procurei me concentrar somente nos dormentes onde eu ia colocar o pé, mas era difícil. Por entre eles eu podia ver a altura que estávamos e não era uma sensação nada boa! Num determinado ponto eu parei, quase no meio do viaduto e comecei a pensar no que eu estava fazendo e... pânico! Me obriguei a levantar a cabeça e ir adiante, senão estaria talvez até hoje lá ou lá embaixo! Eita... A Lu foi na frente e ela também sentiu uma emoção – diferente – vamos dizer assim.


Ufa, depois de passarmos por ela, tiramos mais fotos na névoa e pernas pra que te quero, continuamos no caminho até o ponto em que a ferrovia fica paralela a estrada. 14h55. Dali descemos e voltamos a pé até o carro. Quarenta minutos de caminhada, foi o que levamos.
É muito legal passar por lugares desconhecidos a primeira vez, dá uma sensação bem gostosa. Queremos voltar outro dia, com sol, mas a sensação desse dia nunca mais vai se repetir. Caminhar pela ferrovia no Rabo do Macaco foi uma experiência incrível, e valeu cada minuto.


Escrito por: Mônica Germer

9 comentários:

  1. Bom saber que vocês acharam o local.

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  2. É isso ai, tuas dicas foram valiosas, EPx!!

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  3. Bom saber que naquele sábado fizeste um belo passeio, as condições climáticas agregando ainda mais aventura. Lembro de ti em Vila Itoupava oferecendo ajuda para mim, enquanto meu evento inesquecível acabara de acontecer, uma colisão no porta-malas de um Corsa... rsrs

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  4. é isso mesmo... graças a Deus só danos materiais e um susto, presumo, hehehe

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  5. é um visual muito bonito, mas se descer todo o trecho desde a estação do rio vermelho até corupá, é show....
    abç

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  6. Olá.

    Como consigo maiores informações sobre acesso para esse local ?
    Tenho interesse em fazer essa caminhada...

    obrigado.

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    1. Olá. É relativamente simples. Para chegar a Corupá, vá pela BR 280 e entre no último trevo de acesso (se vier de Jaraguá - primeiro se vier de São Bento do Sul).
      Chegando na cidade, você verá um posto sde gasolina a direita. Vire a esquerda. Agora siga as placas que indicam Rio Natal e mais adiante, Estação Ferroviária. Você cruzará a linha do trem várias vezes. Preste atenção a Igreja de Rio Natal. Ela fica a esquerda, num morro. Quando ver ela, pare no próximo cruzamento da linha férrea. Deixe o carro ai e comece a caminhada a direita da estrada. Boa sorte. Os demais detalhes estão no post. Mas se tiver qualquer nos avise, estamos à disposição! abraços

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  7. Olá, como faço para saber os horários dos trens? Tenho interesse em fazer a trilha no feriado dia 21/04. Obrigada

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  8. Ola os horários de trens cargueiros não tem como saber, acho que só no dia mesmo porque varia muito. A Maria Fumaça faz o trecho Rio - Negrinho - Rio Natal todo terceiro domingo do mês!
    abraços

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