Caminhada até o túnel nº 5 da Linha São Francisco

14/09 - Este trecho de ferrovia da Serra do Mar em SC possui 5 túneis. Destes, já conhecemos os 4 primeiros.

Faltava apenas o último, o número 5!

Não sabíamos a localização exata dele, apenas pesquisamos a quilometragem dele na linha: 125,672.
Resolvemos então deixar o carro na estação de Rio Vermelho localizada no km 132,212.
Saímos as 13h10 do dia 7 de setembro de 2012, feriado da Independência. Tempo bom, sol e calor.
Alguns cães latiram para nós na linha, mas fomos em frente. Aqui na saída da estação existem muitas casas simples, mas muito mal cuidadas! Muito lixo na beira da linha e a

nimais soltos...
Logo chegamos a primeira ponte e paramos para bater fotos.

Adiante, ouvimos barulho de quedas d´água, mas não podíamos ver da linha. De repente, nos deparamos com uma porta de uma locomotiva, toda retorcida, abandonada ao lado da linha... Vimos uma clareira a frente, e a Lu disse: - é o local do descarrilamento de Julho! Eu disse “não pode ser...”. Mas era!
Chegamos a ele pelo lado oposto de quando fomos fotografar o acidente!
O mau cheiro era insuportável! A clareira era imensa, árvores imensas quebradas e um aterro enorme.

Dezenas de vagões descarrilados fizeram um estrago enorme! Mas não havia mais nenhum equipamento abandonado, todos os vagões e locomotivas foram removidos do local.
Bem, agora sabíamos que andaríamos mais 1,5 ou 2 km até o cruzamento pois havíamos feito esse trajeto na semana do acidente.
Quem diria! Acabamos fazendo um trecho conhecido!
Até este cruzamento foi bem rápido e continuamos em direção a Rio Natal.
Nesse trecho batemos foto da represa de Rio Vermelho, no lado direito da linha.

E logo a frente, outro cruzamento.
Km 127, faltavam 2 km para o túnel...
Surpresa mais a frente: vários vagões descarrilados! Realmente não sabíamos se fora depois do acidente de julho, talvez, por estarem ao lado da linha ainda...
Andamos mais um quilômetro e novamente, mais vagões descarrilados. Agora numa curva à esquerda, e vários vagões na grota! Isso nos fez duvidar que eles fossem sair daí algum dia... Parecia algo bem difícil de fazer, puxar esses vagões da capoeira... Alguns pareciam que tinham sido “plantados” no solo vermelho! 

Continuamos caminhando, afinal a tarde avançava rápido e nem sinal do túnel ainda. A vegetação aqui é linda, o vale proporciona paisagens incríveis!
Finalmente avistamos o túnel nr. 5 às 15h30.

Ele tem 48 m de extensão em curva e é revestido em pedra. Fizemos as tradicionais fotos da entrada e saída e aquele lanchinho pra repor as energias. Nesse momento, ouvimos uma buzina ecoando pelo vale... Vinha um cargueiro aí!
Bem, de manhã avistamos uma composição em Jaraguá do Sul – direção São Francisco. Deduzimos então, que este estava vindo de São Francisco e subindo a serra. Pelo som era impossível se basear porque ora parecia vir de um lado, ora de outro!
Nos posicionamos no lado do túnel sentido Rio Vermelho e esperamos...
Um pouco de nervosismo nessa hora, pois estávamos com o tempo escasso e o medo de sermos surpreendidas pelo cargueiro vindo de frente e queríamos pegá-lo saindo do túnel.
Aos poucos o som aumentou, um facho de luz iluminou o túnel! Acertamos!

Fotos e vídeo e felicidade total!
Recolhemos nossas coisas e apertamos o passo. 16h00.
O que não havíamos percebido antes agora se tornava claro! O trecho de volta era de subida!
O que me deixava curiosa era nossa posição em relação a estrada, pois volta e meia ouvíamos carros e pessoas  mas não víamos nada... Surpresa para nós como alguns trechos da ferrovia são tão próximos da estrada. Quantas vezes passamos por lá e nem imaginávamos? Agora estava tudo claro, e foi muito bacana conhecer o trajeto.
Primeiro cruzamento da volta, e já há algum tempo ouvíamos os trilhos vibrar! Isso é sinal de trem! E no segundo cruzamento, eis que surgem as 3 locomotivas que empurraram o cargueiro serra acima.

Na certa foram desengatadas em Rio Vermelho e retornavam a Corupá!
Conseguimos mais algumas belas fotos e nem percebíamos que o sol se escondia pouco a pouco...

Pelo menos sabíamos o quanto andaríamos ainda... e mesmo cansadas, continuamos em ritmo de caminhada mais forte.
Fedor e moscas ainda no descarrilamento grande, e pausa para uma água...
Logo chegamos na ponte e de lá restavam poucos metros! Ufa... A última surpresa do dia não foi das melhores, mas faz parte de quem caminha por lugares assim, pouco comuns! Novamente os cães das casas mal cuidadas! Só que dessa vez eles não estavam mais fazendo a “sesta” como no começa da tarde, estavam todos ali, descendo dos barrancos em nossa direção e latindo! Acho que eram uns 10 e quando um deles veio em minha direção eu fui pro lado mais externo da linha em direção oposta a e dele e pensei que ele ia avançar! Bem, imaginei se um deles avançasse os outros fariam o mesmo, e ai ficaria difícil se defender! Ufa, mas foi só um susto. Depois que passamos apareceu um rapaz e pegou um dos vira-latas no colo, bem que podia ter aparecido antes pra espantar eles!

Os últimos metros pareciam quilômetros, as pernas pesavam e era difícil até levantar os pés pros próximos passos! No último trecho abandonamos a linha e fomos pela estrada! Doíam todos os músculos das pernas, pescoço e braços, mas todo o esforço valeu a pena por ter finalmente chegado ao túnel 5 e conhecido aquele trecho incrível da ferrovia! Faríamos tudo outra vez!

 

Fonte: Estação Porão

Escrito por: Mônica Else Germer