terça-feira, 23 de agosto de 2011

Construtoras brasileiras na ferrovia Chile-Argentina

23/08 - A concessão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, nas imediações de Natal, não é a única ofensiva da família Eurnekian no Brasil. Há pelo menos dois anos, segundo o Valor apurou, ele tenta atrair empreiteiras brasileiras para um megaprojeto de infraestrutura que ligará o litoral chileno à Província de Mendoza, na Argentina. O empreendimento, que prevê uma ferrovia de carga com 204 quilômetros de extensão e um túnel de 52 quilômetros cortando os Andes, é avaliado em pelo menos US$ 3 bilhões.


Diretores da Corporación América, a holding controlada por Eurnekian, já sondaram mais de uma construtora no Brasil. No ano passado, estiveram em São Paulo com o empresário Marcelo Odebrecht, mas ele não se convenceu da viabilidade econômica do projeto. A Queiroz Galvão também conversou com os argentinos. Por enquanto, já aderiram a chilena Navieras, a argentina Contreras Hermanos, a Mitsubishi (Japão) e a italiana Geodata. As obras podem começar em 2012, mas ainda não há financiamento contratado.

O chamado Corredor Bioceânico Central parte do pressuposto de que é transportada por navio 83% da carga que circula entre os dois oceanos que banham o Cone Sul. A passagem rodoviária de Cristo Redentor, por onde circulam cinco milhões de toneladas por ano de cargas, fecha de 45 a 60 dias, entre maio e outubro, por causa do acúmulo de neve. Isso atrasa o percurso e encarece a logística.

O projeto da Corporación América prevê a construção de uma ferrovia e de um túnel a "baixa altitude", entre 1.544 e 2.435 metros acima do nível do mar, reduzindo a travessia da cordilheira para menos de quatro horas. Além disso, propõe a unificação dos serviços alfandegários e de trâmites fronteiriços.

Para o grupo argentino, a demanda potencial de carga alcança 70 milhões de toneladas por ano, e deve começar em 15 milhões de toneladas. Muito além de uma ligação entre Argentina e Chile, a Corporación América vê o corredor como eixo logístico para todo o Mercosul, facilitando o comércio entre o país andino e os quatro sócios do bloco, inclusive Brasil.

Esse corredor, que ganhou o apoio oficial da presidente Cristina Kirchner, tem um projeto concorrente: o túnel rodoviário de Águas Negras, na Província de San Juan. A Corporación América diz que eles não são excludentes.

Fonte: Valor Econômico / por Revista Ferroviária

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