terça-feira, 16 de agosto de 2011

Linha de São Francisco

HISTORICO DA LINHA: A linha do São Francisco teve o primeiro trecho entregue pela E. F. São Paulo-Rio Grande em 1906, ligando o porto de São Francisco (hoje do Sul) a Joinville. Em 1910, a linha foi prolongada até Hansa (Corupá), em 1913 até Tres Barras, e finalmente em 1917 atinge Porto União da Vitória, de onde deveria continuar até atingir Foa do Iguaçu, Este último trecho jamais foi construído. A linha se entronca com o Tronco Sul em Mafra e com a antiga Itararé-Uruguai em Porto União da Vitória. O último trem de passageiros, na verdade uma litorina diária, passou pelo trecho entre Corupá e São Francisco do Sul em janeiro de 1991. O trem misto que servia à linha já não existia desde 1985. Depois disso, apenas alguns trens a vapor turísticos da ABPF têm percorrido a linha, principalmente na região de Rio Negrinho. O trecho entre Mafra e Porto União esteve durante anos abandonado, tendo sido recuperado durante o ano de 2004, mas continua com o tráfego muito escasso. Já o trecho entre Mafra e São Francisco tem grande movimento de cargueiros da concessionária ALL.


HISTÓRICO DA ESTAÇÃO: A estação de Mafra surgiu como entroncamento da linha do São Francisco com o ramal do Rio Negro, em 1913. Mafra era, até o acordo de limites de 1917, parte do Contestado, fazendo parte do município de Rio Negro, no Paraná. Quando se fez a união das linhas na que seria a estação de Mafra, em 1913, a E. F. São Paulo-Rio Grande anunciou que mudaria a estação de Rio Negro, que ficava junto à cidade de Rio Negro, na margem norte do rio, para a margem sul, bairro pouco povoado. Houve protestos na cidade, e acabaram existindo duas estações - a velha de Rio Negro e a nova, ao sul do rio. Por que não fecharam a velha estação? Por causa dos protestos? Ou por causa da já precária situação financeira da Brazil Railway na época? O nome Mafra, por sua vez, somente foi criado com o município, em 1917, homenagem ao advogado Manuel da Silva Mafra, defensor da questão do Contestado para o Estado de Santa Catarina. A questão é: como teria se chamado esta estação entre

ACIMA: As oficinas de Mafra, provavelmente por volta de 1940. A linha que sai para a direita é a do tronco sul no sentido Lages, atravessando o que é hoje a Avenida Coronel José Severiano Maia em Mafra, na frente da rodoviária, que na época possivelmente nem existia. Acima, próximo às araucárias, a linha que vai para São Francisco do Sul. Os dois prédios pequenos na foto no fundo, lado esquerdo, existem até hoje, são o almoxarifado mais ao fundo e o outro era usado pela segurança do trabalho até o tempo da RFFSA. No almoxarifado, indo para a esquerda, ia em direção ao PR na ponte de ferro que ainda existe e está abandonada, no traçado antigo ainda da linha que passava no centro de Rio Negro (Acervo Ivan Antonio da Rocha).
1913 e 1917? Fui investigar em Mafra, e ninguém sabe. Nos Guias Levi entre 1913 e 1922, o nome de Mafra não aparece como uma estação. Apenas o nome de Rio Negro. Achei em 1932 aparece a estação de Mafra nos guias, mas não tenho guias entre 1922 e 1931. Por que a RVPSC indicava oficialmente a data de abertura da estação de 1913? Mistério não descoberto, pelo menos por mim (o autor). Em 1921, o relatório da RVPSC indicava que foram feitas "modificações na estação de Mafra, para facilitar a baldeação de passageiros e bagagens". Também se sabe que em 15/12/1923 foi criado o posto fiscal da estação ferroviária de Mafra, pelo decreto 68 de Santa Catarina (Cronologia do Contestado, F. Tokarski, IOESC, 2003). A estação, então, já existia nessa época. Hoje, a distância entre as estações de Rio Negro, no Paraná, e a de Mafra, em Santa Catarina, é muito pequena: bastava o trem cruzar o rio.

TRENS - Os trens de passageiros pararam nesta estação de 1913 a 1983. Ao lado, litorina que andou no trecho Mafra-São Francisco do Sul. Clique sobre a foto para ver mais detalhes sobre esses trens. Veja aqui horários em 1948. Também paravam aqui trens do ramal de Rio Negro no mesmo período (Guias Levi).
Originalmente, a cidade de Mafra estava no Paraná e era apenas a parte além-rio Iguaçu de Rio Negro. Com o acordo de limites conseqüente da Guerra do Contestado, a cidade se tornou um município de Santa Catarina, naquela região tendo como limite de Estados o rio Negro. Em 1963, a estação de Mafra passou também a ser o ponto de saída da linha Mafra-Lajes, na prática a continuação do antigo ramal do Rio Negro. Provavelmente nesta época foi que se substituiu o velho prédio de madeira pelo atual de estilo moderno. E também segundo antigos moradores de Rio Negro, nessa época, a estação de Rio Negro já não existia, e todos, das duas cidades, embarcavam e desembarcavam em Mafra. Hoje, Mafra faz parte do Tronco Principal Sul, e dali, com a desativação da linha que a ligava a Porto União, dali apenas se pode ir a São Francisco, com os trens de grãos. A estação esteve abandonada; em 2006 foi reformada e transformada em sede da Secretaria Municipal da Criança e da Ação Social.

(Fontes: Ralph Giesbrecht, pesquisa local; Alcides Goularti Filho; Nilson Rodrigues; Jean C. Kuester; João Paulo Lemisz; Vilson Roberto Schapievski; Ivan Antonio da Rocha; Maria da Gloria Foohs; Orandir Pannucci; F. Tokarski: Cronologia do Contestado, IOESC, 2003; RVPSC: Relatórios oficiais, 1933-56; RVPSC: Horário dos Trens de Passageiros e Cargas, 1936; Guias Levi, 1932-1980; IBGE: Enciclopédia dos Municípíos Brasileiros, 1960)

http://www.estacoesferroviarias.com.br

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